28/10/2008

Lucretia Divina - "Maria" (1991)

YouTube-user "Portugalmetal", operando a partir da Alemanha, divulgou há poucos dias o vídeo "Maria" do grupo Lucretia Divina, já mencionado em alguns posts anteriores. Mais uma emoção, assim vamos reconstruindo o nosso passado...(obrigado ao vocalista Alagoa, boquiaberto aqui acima, pela notícia).

O vídeo foi produzido para o programa "Pop-Off" da RTP 2 por Bruno Niel Costa e José Pinheiro nos estúdios da Latina Europa. Lembro-me que as filmagens ocorreram na noite em que eclodiu a primeira Guerra do Golfo, começámos numa casa abandonada na Alfama, depois entrámos no quarto de dormir do Gimba (Afonsinhos do Condado, Irmãos Catita) onde gravámos o som com o meu teclado acabando deitado na cama, condições incríveis! Assim também não será surpresa que a entrevista com a banda para o programa teve lugar na casa de banho do mesmo Gimba.

O video seja também uma homenagem ao percussionista e manipulador de sons José Valor que nos deixou muito precocemente em finais de 2004.

4 comentários:

Anónimo disse...

Epá, o Gimba que participou no lendário Cabaret da Coxa com o Rui Unas, afinal também integrava os Afonsinhos, não fazia ideia...

Boa malha!

Dervich

Anónimo disse...

Olá Marinus,

A melodia fez-me lembrar daqueles tocadores de realejo.
"Maria" merece uma reedição.
Abraço,

AE

Rini Luyks disse...

"Realejo" dizes tu Alberto, isto faz-me lembrar uma crítica do jornalista António Pires na revista "Blitz" em 1993, quando recenseou uma dezena de novos álbuns de Música Moderna Portuguesa (entre os quais Censurados, Golpe de Estado, Entre Aspas, Sei Miguel, UHF):
"Lucretia Divina - "Mal d'honor" (MTM). Os custos de se viver em Viseu. Numa multinacional com uma boa produção,"Mal d'honor" poderia ser o melhor de todos estes álbuns.
Assim, com um som de merda e uma produção que não existe, arrisca-se a que as excelentes ideias do trio - cruzar o flamenco com o cabaret com os Negativland com os Mão Morta com o REALEJO com com com - nunca saiam das prateleiras das discotecas.
Bom, apesar de tudo".
E assim foi. Em 1994 a banda deixou de existir.
Mas os espectáculos ao vivo eram sempre uma festa!.
Lembro-me especialmente a apresentação do álbum em Setembro 1993 no Voz do Operário em Lisboa.
Fizemos a primeira parte do espectáculo dos Einstürzende Neubauten, um convite honroso.
Antes do concerto o famoso líder Blixa Bargeld (que tocava também com Nick Cave and the Black Seeds) veio dar um aviso no nosso camarim, uma garrafa de vinho tinto na mão: "Nur eine halbe Stunde! Only half an hour! "Mas tocámos todas as músicas do nosso álbum na mesma.
Em termos de cachet fomos bem enganados, ou melhor: enganámo-nos a nos próprios...
A organização deixou-nos uma escolha: 100 contos ou 10% da bilheteira. Na mesma noite houve um grande concerto no Estádio Alvalade e pelo seguro agarrámos os 100 contos. Muito mal pensado: foram vendidos mais de 1100 ingressos de três contos e meio, 10% dava quase 100 contos para cada um! Foi mesmo caso para dizer: quem não arrisca não petisca!

Anónimo disse...

Os Lucretia Divina eram mesmo muito originais, lembro-me de os ver pela primeira vez num concurso televisivo e de ficar espantado com o que ouvia, a atitude também era muito interessante,"musica para musonautas" foi a definição que o Alagoa deu do som da banda.Depois disso tive o prazer de os ver na primeira parte dos referidos neubaten e, também no johnny guitar, na noite em que rebentou a guerra do golfo.
"Saudade" é o que sinto desse tempo.