18/09/2007

Intermitentes: a luta continua!


O Partido Socialista prepara-se para aprovar a Proposta de Lei sobre a intermitência no domínio das artes do espectáculo e do audiovisual. Após quase um ano de actividades da Plataforma de Intermitentes (ver posts anteriores neste blogue de 13 de Maio e 14 de Fevereiro) o Governo pretende arrumar a questão com uma lei que até "promete" piores condições de trabalho para profissionais de espectáculos inseridos numa estrutura fixa e que continua a ignorar o "fenómeno" trabalhador intermitente.
Na semana passada houve um plenário no Maxime em Lisboa para fazer o ponto da situação (relato e vídeo na página: http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3955&Itemid=28 ), ontem houve outra reunião para discutir e preparar possíveis acções de contestação. Falou-se entre outros sobre o exemplo da situação em França 2003, onde o movimento dos intermitentes conseguiu evitar um deterioramento do seu estatuto com acções duras como greves (que até paralisaram o famoso Festival de Avignon). Descobri na net uma dissertação de mestrado sobre esta luta com o título: "Prazer e sofrimento no trabalho artístico" (no site http://www.fundamentalpsychopathology.org/anais2006/5.18.1.htm).
Uma situação como a ocupação do Rivoli no Porto no ano passado (com todo o mérito que tinha) prova que aqui o grande público ou ainda desconhece a situação dos artistas em Portugal ou tem uma imagem errada, baseada por exemplo na "informação" do circo mediático em volta das estrelas de telenovelas...
No entanto, há muitas outras maneiras de despertar a opinião pública para a precariedade dos trabalhadores intermitentes. Esta lei não pode passar! A luta continua!

13 comentários:

rui rebelo disse...

Caro Rini,

Adoro estes teus posts.
Esta tua veia contestatária reverbera em mim por simpatia.

Cristina Gomes da Silva disse...

Eu só acho que a vossa luta tem sido pouco visível. Vejam lá como eles se mostraram em França...Façam umas manifestações, umas actividades de rua, qualquer coisa que chame a atenção, que dê nas vistas, que mostre que os artistas não estão todos "institucionalizados", arrumados em estruturas mais ou menos fixas. Boa sorte e um abraço :)

Anónimo disse...

Hoje estou fora, caro Rini Luynks, mas amanhã farei uma referência a este seu post.

Abraço

Rui Mota disse...

Seria bom que os "artistas" descessem dos seus "podia" e reivindicassem mais os seus direitos. O exemplo de França é bom, mas ele assenta numa tradição de cidadania que não existe (ainda) em Portugal. Por isso o Rini (dá-lhe com força!) tem essa coragem e os portugueses, não. Lá chegaremos...mas, se não chegarmos, não se queixem, depois.

Rui Mota disse...

Seria bom que os "artistas" descessem dos seus "podia" e reivindicassem mais os seus direitos. O exemplo de França é bom, mas ele assenta numa tradição de cidadania que não existe (ainda) em Portugal. Por isso o Rini (dá-lhe com força!) tem essa coragem e os portugueses, não. Lá chegaremos...mas, se não chegarmos, não se queixem, depois.

Anónimo disse...

organizem-se.

xistosa, josé torres disse...

Esperem pela volta do correio.
Não é só governo, o Rui Rio, faz uma chantagem descarada sobre a justiça, (caso da concessão do Rivoli), mas já está a ameaçar a Seiva Trupe com represálias.
Nem todos unidos, o que nunca sucederá, os artistas, também os há bajuladores, têm que pedir o apoio do público para repudiar a ofensiva que se avizinha.
Em França, Sarkozy, parece que teve uma conversa co Sócrates, prepara medidas idênticas.
Mais valia acabar com a educação, a todos os níveis, já que só dá dores de cabeça e prejuízos.
Para vivermos, não necessitamos de educação.
Pão e vinho, para entorpecer as mentes.

Rui Rebelo disse...

Infelizmente não creio que alguma vez se faça uma lei conclusiva sobre a intermitência em Portugal.

Em França fizeram greve para não perderem um estatuto que por cá está a anos luz de poder acontecer. Em vez de sonhar o quase impossível, será melhor pormo-nos a pau para não nos tirarem o pouco que temos.
Qualquer dia ser profissional da arte vai pagar imposto de luxo.

Rini Luyks disse...

De facto a situação em França não é comparável com Portugal, a luta dos artistas lá (já com um estatuto conquistado) e a personalidade "histórica" de Jack Lang (Ministro de Cultura e mais tarde de Educação) tiveram realmente uma influência decisiva.

Caro Rui (Mota), não mereço elogios, na Plataforma dos Intermitentes eu cumpro até agora o papel de simples arruaceiro, um papel que sugero a todos os leitores interessados neste assunto! Também continuo a minha acção domquixotesca de desobediência civil em relação à Segurança Social como acto simbólico (ver post de 5 de Junho).

Não sou tão pessimista como o Rui (Rebelo) em relação ao resultado desta luta: há determinação nos membros da Plataforma, como se pode ver no relato e vídeo mencionados no post. Entre eles uma saudação especial minha ao Rodrigo Dias, advogado do Sindicato dos Músicos, nos anos noventa toquei com ele numa banda de Música Moderna Portuguesa, chamada Boris ex Machina...

Anónimo disse...

não são só os artístas que sofrem com o problema da intermitência. todos os profissionais liberais o sofrem.

Susana Serrano Pahlk disse...

Depois de ver o vídeo fica-se com a certeza que são os mesmos políticos que legislam sobre outros assuntos de que nada sabem (pelo menos sobre Educação é assim mesmo); metem os pés pelas mãos, falta-lhes um mínimo de inteligência prática para perceber que têm de ser criativos ( e não copiar leis feitas por outros) competentes ( têm de consultar quem sabe do assunto) e ser práticos, pois as leis existem porque são necessárias para regular e melhorar a vida das pessoas e não para justificar os ordenados dos políticos.

Stut disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Stut disse...

Caro Rini, fico muito contente por ver-te envolvido nesta movimentação! A lei foi a final aprovada, queremos crer que com alguma boa contribuição nossa. Mas há muito trabalho por fazer. Espero que nos cruzemos em breve. Um abraço forte. Rodrigo Dias. p.s. falando dos Boris, fizeste falta num jantar ontem com a maltinha. RD