19/04/2007

O meio não é a mensagem


E pumba! Lá vamos nós outra vez…

Lembro-me de um passeio à beira do rio (lago?) Elba em Hamburgo à muitos anos. Estava com o meu amigo Rui Rebelo e quando nos apercebemos do som que as plataformas metálicas sobre as quais caminhávamos faziam ao serem empurradas umas contra as outras pelo ondular da água, mandámo-nos calar um ao outro e ficámos longos minutos a ouvir.

Era como que um concerto de uma gigantesca secção de cordas, atonal na sua riqueza de frequências e de timbres, de uma complexidade rítmica vertiginosa e de uma dinâmica cósmica. Amaldiçoámo-nos por não termos um Mini-Disc naquele momento mas nunca mais esquecemos essa experiência auditiva.

Desde então tenho feito música com qualquer coisa que me provoque um impulso criativo. Tubos de PVC, mangueiras, vassouras, tábuas de engomar, molas, garfos e parafusos. E também com instrumentos musicais e computadores. E até com CD’s com música de outros.

E tenho ouvido música de outros que a fazem com vegetais, moinhos de maré, células fotoeléctricas e lança-chamas. E também com instrumentos musicais e computadores. E até com CD’s com música de outros.

Até já (ou)vi pessoas a fazerem música apenas com dois pratos de gira-discos e um punhado de vinis. Mas esses eram artistas…

3 comentários:

Anónimo disse...

pois é caro Fernando. A eterna discussão. O que é arte?
A estética, como disciplina da Filosofia, tem dissertado há séculos sem concluir nada. Então resta-nos a nossa avaliação. Para mim, continuo a dizer, prefiro considerar que arte é quando o ser humano faz algo com o objectivo de ser arte. Então existe a má arte e a boa arte. Há, no entanto, o significado qualitativo personalizado em que arte é só a que eu considero como tal. Esse é o que eu utilizo no dia-a-dia mas é melhor não o escrever aqui. (ups... já está)

A sinfonia sem orquestra de hamburgo - para nós foi genial, para os vizinhos deveria ser bastante irritante.

Bom, agora tenho de ir para Málaga fazer espectáculos. Esperam-me 700 Kms numa carrinha cheia de gajos a fumar...

se tiver wi-fi no hotel continuamos a discussão.

abraço

Lcego disse...

Eu cá passei-me um bocadinho com o Fernando no Teatro Viritao, estou derretida, completamente fã!
Cumprimentos do Teatro do Montemuro.


Lúcia Simões

Lcego disse...

Elogios são verdades que não se guardam.