08/02/2007

Sondagem


Passados 15 dias podemos fazer um balanço desta sondagem sobre o aborto musical.
Os indicadores mostram que os eleitores votaram expressivamente contra a penalização da Interrupção Voluntária da Ideia Musical (IVIM), o que já era previsível.
A grande surpresa são os 25% de votos que defendem que a penalização depende da ideia musical, deixando subentendido que uma ideia musical muito boa é sagrada e, como tal, deve ser preservada e levada até ao fim.
É de salientar os 13% que me mandam trabalhar, votação que me parece ser a mais sensata e que revela algum conhecimento da minha procrastinação musical. Confesso que um dos votos é meu e que fui realmente trabalhar depois do clique.
Os 5% dos eleitores que concordam incondicionalmente com a penalização da IVIM mostram-nos que um significativo espectro do eleitorado anacrúsico se pauta por princípios musicais ultra conservadores.
Há ainda uns personalizados 2% que não gostam que lhes perguntem nada mas que mesmo assim respondem dizendo que não querem responder. É o equivalente ao “não sabe/não responde”.
Para finalizar tivemos um insignificante voto no ”tanto faz” e nenhum no “talvez”. O que me parece ser demonstrativo de que os nossos visitantes têm opiniões claras.
Fico à espera de sugestões para novas sondagens.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pensando melhor existem de facto em princípio algumas diferenças entre o aborto musical e o aborto referendado no próximo dia 11.
É que para um aborto musical se concretizar, parece-me que a única coisa que o compositor/progenitor (que não quer ser progenitor neste caso) tem que fazer é bloquear a sua criatividade ou seja não fazer NADA para estimular o desenvolvimento da ideia musical.
Um consumo intencionalmente pouco moderado de bebidas alcoólicas, por exemplo, será em geral uma medida bastante eficaz para garantir o aborto musical, ainda por cima provocando uma sensação de um certo bem-estar (temporária e ilusória com certeza, mas mesmo assim). Claro, há sempre excepções, veja o caso de um Jim Morrison, mas ele estava simplesmente predestinado a procriação musical.
Em contrapartida, o não fazer NADA não resolve absolutamente nada quando se trata de uma interrupção voluntária de gravidez de carne e osso. As tristes romarias de mulheres a Badajoz ou lugares clandestinos no interior do país são a prova disto.
Também a questão da penalização parece-me pouco relevante no caso do aborto musical: não é preciso a intervenção de terceiros, posso abortar musicalmente em segurança sem ninguém dar por isso, se eu não der com a língua nos dentes não há problema, a não ser um problemazito de consciência.
Mas também não vamos exagerar isto, uma vez que o aborto musical diz em geral respeito às musiquinhas de merda que não fazem falta e a quem ninguém ia dar muita atenção ("então, e que tal o florescente universo da música "pimba"?, oiço perguntar o caro leitor. Pois, caro leitor, estamos aqui perante um dos maiores enigmas da criação artística, para qual um pobre palhaço como eu não tem resposta, se calhar um caso de estudo para o Consultório Musical!?).
Malogrado seria o compositor que voluntariamente abortasse uma Obra de Mestre, mas mesmo assim: nenhuma penalização podia igualar neste caso o Peso na Consciência deste indivíduo. Seria um caso clínico, um caso de sado-masoquismo abortivo, mais uma vez dirigo-me aos Exmos. Doutores Partituras e Contratempos do Consultório Musical.
Acho que vou parar, sinto-me um bocado mal disposto....

Anónimo disse...

e asSIM foi...